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Há, pois, preconceito contra esse tipo de poesia, embora nela exista muita arte, principalmente porque mostra, com expressões próprias do povo que morou ou ainda mora na zona rural, os seus sentimentos, o seu interior, a sua alma. Nela comparece muita beleza, encantando a quem se dirige, que ri, acha engraçado e, às vezes, conforme suas letras, até chora. Em síntese, um potencial artístico maravilhoso.
A literatura é, sobretudo, beleza. Mesmo com um linguajar totalmente divorciado da gramática, a poesia caipira reflete os mais belos sentimentos de um povo trabalhador, simples, ingênuo e honesto. Existe quem faça este tipo de poesia com apego ao melhor português, com letras lindas, amarradas na linguagem culta, mas dirigida à cultura urbana, mostrando a beleza do sentimento e ao comportamento de nosso caipira do interior paulista. Mas esse tipo de poesia caipira, com linguagem culta, não pode ser entendido como a verdadeira poesia caipira, prescindindo do dialeto, pois jamais será compreendida pela gente simples da região.
A pseudopoesia caipira tem, tão somente, como liame à verdadeira, o pensar do caipira, construída com as palavras e a forma de expressão urbana, despidas das expressões rurais, que não a revelam nua, na pureza de suas expressões da variedade linguista caipira. Assim, a verdadeira poesia caipira simplesmente está dentro do quadro de confronto com as regras gramaticais, de bem como o dialeto, sem, entretanto, burlar a beleza da expressão. E um daqueles que fez este tipo de poesia foi meu saudoso avô, que buscou cantar em versos os sentimentos do lavrador brasileiro. Para ilustrar meu texto, aqui presente uma poesia caipira, de autoria de meu avô, J.Triste:
O MARVADO
Namorei c´o seu Libório,
Cumbinemo si casá…
Mai, no dia do casório…
Que vergonha!… Cadê o tá?
Insperei pulo marvado!
Veiu o juiz, veiu o inscrivão!
Vei tudo os cunvidado,
Só ele num veiu, não!
Tinha virado sorvete!
Ele havia se pirado!
Me mandando esse biete:
– Mi adiscurpe…Sô casado!…
Para entender como deve ser lida, dentro do contexto rural, ouça a poesia caipira “O MARVADO”, interpretada pelo jornalista Lima Rodrigues, membro da Academia Paraupebense de Letras:
Por: Vicente Delgado -AGRONEWS®, com texto principal escrito por Edward Chaddad, do blog Vírus da Arte & Cia.
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