Vacina brasileira contra PCV2 será patenteada nos EUA

Uma vacina genuinamente brasileira, criada por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) para imunizar suínos contra o vírus PCV2, acaba de ser patenteada nos Estados Unidos

 

A vacina é fruto de mais de 15 anos de trabalho das equipes coordenadas pelos professores Márcia Rogéria de Almeida Lamêgo, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (DBB/Lima/Bioagro), e Abelardo Silva Júnior, do Departamento de Veterinária (DVT).

Até agora, as vacinas disponíveis no Brasil para prevenção das infecções são importadas e muito caras. A mais barata e eficiente está em fase de escalonamento industrial e deverá chegar ao mercado até 2019.

Para chegar ao produto, os pesquisadores isolaram e sequenciaram o DNA de um genótipo viral considerado o mais patogênico e amplamente distribuído nas granjas brasileiras e em outros países. Os resultados obtidos nas provas de campo, em camundongos e suínos naturalmente infectados, mostraram que o protótipo desenvolvido tem eficiência superior às vacinas importadas disponíveis no mercado brasileiro.

Outro mérito da pesquisa é que o sequenciamento do DNA do vírus foi o primeiro da América Latina a ser depositado e disponibilizado no GenBanke, um banco de dados de sequências genéticas de seres vivos e de aminoácidos do Centro Nacional de Informação Biotecnológica, dos Estados Unidos. O desenvolvimento da tecnologia vacinal do PCV2 foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Depois de testada, a tecnologia da vacina foi apresentada a diversas empresas especializadas em sanidade animal no Brasil. A Ourofino Saúde Animal Ltda. apresentou a melhor proposta para a UFV e, desde 2013, está realizando as adaptações para produção em escala industrial. “Nós estamos acompanhando tudo e dando continuidade às pesquisas para esta adaptação. Sabemos que o tempo da academia é diferente do tempo da empresa e o processo de transferência é lento”, diz a professora Márcia Rogéria.

Em 2013, foi firmado um contrato de licença para a exploração da patente entre UFV, Fapemig e Ourofino com a interveniência da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) para a transferência de tecnologia. Naquele mesmo ano, foram aprovados junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com contrapartida da Ourofino, recursos para determinar as condições de produção em larga escala da proteína do capsídeo viral do PCV-2 recombinante, avaliação de formulações vacinais e registro do produto desenvolvido (formulado vacinal) junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para comercialização.

Os pesquisadores da UFV também desenvolveram e repassaram à empresa um kit para avaliar as vacinas. A professora Márcia explica que os lotes de vacinas podem ser diferentes. Por isso, os kits permitirão quantificar a concentração do antígeno presente em cada lote, garantindo que o suinocultor está comprando vacina com eficiência assegurada.

O pedido de patente foi depositado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 2013, em nome da UFV, Fapemig e da empresa que fará a produção. A patente brasileira ainda não está liberada. O pedido de patenteamento como produto brasileiro também foi realizado em outros países como Uruguai, Argentina, China, Rússia, Colômbia e México, além da Comunidade Europeia. Os Estados Unidos foram o primeiro país a conceder o pedido de patente.

As pesquisas que originaram a vacina foram resultantes de uma tese de doutorado, 12 dissertações de mestrado dos programas de Pós-graduação em Bioquímica Aplicada e em Medicina Veterinária e projetos de Iniciação Científica com defesa de monografia. Todos os participantes são considerados inventores no registro da patente.

A Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI) teve participação ativa para a obtenção da patente nos Estados Unidos, auxiliando na elaboração de documentos para o depósito, na adequação do pedido à legislação americana de patentes e nas negociações do licenciamento da tecnologia. A UFV já tem 25 patentes registradas no Brasil e seis no exterior, duas delas nos Estados Unidos. Há 168 produtos desenvolvidos na Universidade que já estão em fase de patenteamento no Brasil e 25 no exterior.

 

Fonte: Acrismat

Share
Published by
Vicente Delgado

Recent Posts

Líder global em RNA para agricultura, GreenLight Biosciences chega ao Brasil
  • Notícias

Líder global em RNA para agricultura, GreenLight Biosciences chega ao Brasil

A GreenLight Biosciences, empresa de biotecnologia pioneira em soluções baseadas em RNA para a agricultura,…

5 horas ago
  • Notícias
  • Previsão do tempo

Previsão do tempo: chuvas do verão não foram suficientes para repor o estoque de água no solo

Áreas mais críticas são o Pantanal, o Brasil Central e partes de MG, SP e…

9 horas ago
  • Curiosidades
  • Notícias

Bacalhau NÃO É um tipo de peixe! O que é então?

Essa revelação vai mudar a sua Páscoa! Se você sempre acreditou que bacalhau é apenas…

10 horas ago
  • Mercado Financeiro
  • Notícias

Mercado do boi interno opera em faixa estreita, enquanto frigoríficos mantêm escalas enxutas

Preço da arroba do boi gordo segue estável em março, com resistência dos pecuaristas e…

10 horas ago
  • Mercado Financeiro
  • Notícias

Mercado do suíno enfrenta queda nos preços pelo 3º mês consecutivos

Preços do suíno seguem em queda, confira a seguir O mercado suinícola segue enfrentando um…

13 horas ago
  • Notícias
  • Previsão do tempo

Previsão do tempo: temporais deixam o Rio Grande do Sul em alerta

Acumulados de chuva podem chegar a 100 mm até amanhã (28) O estado do Rio…

14 horas ago