O Brasil possui a segunda maior frota de aviões agrícolas do mundo e um dos setores mais atuantes do mercado. Entender tudo isso é fundamental para que possamos fortalecer e qualificar o setor aeroagrícola
Imagine o cenário da aviação agrícola brasileira no início dos anos 90. Um setor fundamental para a produtividade no campo, mas que carecia de uma voz unificada e representativa em nível nacional. Foi nesse contexto, em julho de 1991, que nasceu o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). Fundado com a missão de representar, fortalecer e qualificar o setor aeroagrícola, o Sindag rapidamente se tornou a principal entidade do segmento no país, com sedes em Porto Alegre e Brasília.

Para conhecer melhor o trabalho realizado pelo Sindag, durante o Road-show para Comunicadores do Agro, viajamos até o município de Batatais, interior de São Paulo, para conversar com o diretor executivo da entidade, Gabriel Colle, que já no início de sua explanação, nos revelou números impressionantes sobre a aviação agrícola brasileira, “O Brasil tem a segunda maior frota de aviões agrícolas do mundo, com 2722 aeronaves. Essas aeronaves estão espalhadas em 24 estados do país, sendo Mato Grosso o estado com maior número de aviões – 749 aeronaves, seguido pelo Rio Grande do Sul com 385 aeronaves.“, comenta Colle.
Ao longo dos anos, o Sindag cresceu e se consolidou como a voz de um setor dinâmico e essencial para a agricultura brasileira. Hoje, o Sindag abrange mais de 260 empresas que operam aviões e helicópteros agrícolas em 24 unidades da federação, representando cerca de 90% do segmento. “E dessas aeronaves, basicamente hoje, 60% estão nas empresas que prestam serviço e 40% estão nas fazendas que compram aeronave pro seu próprio consumo. Além disso, né, importante a gente reforçar também que temos 30 helicópteros nessa conta e aproximadamente 8.000 drones registrados hoje no Brasil.”, detalha o diretor executivo. Essa união de forças permitiu ao Sindag participar ativamente de importantes fóruns, como o Conselho Consultivo da Anac e a Comissão Especial para Assuntos da Aviação Agrícola no Ministério da Agricultura.

Sobre a importância da aviação agrícola, Gabriel Colle é enfático: “É um setor fundamental, porque, por exemplo, sem a aviação agrícola a gente não tem algodão, a gente não tem arroz, a gente não tem soja, a gente não tem milho, a gente não tem trigo, não tem cana. Estas são culturas altamente dependentes da aviação agrícola em algum estágio de desenvolvimento. Então, essa a ferramenta da pulverização aérea, ela se torna imprescindível“, avalia.
Outro destaque revelado nessa conversa foi que a aviação agrícola é uma ferramenta multifuncional que transcende sua função original de pulverização. Ela também pode ser empregada no combate a incêndios, na adubação de terras, no repovoamento de rios ou no controle de vetores. Essas múltiplas aplicações reforçam a importância da aviação agrícola como um recurso estratégico para o desenvolvimento sustentável. (Leia também a matéria especial sobre a Tangará Aeroagrícola)
Aplicações diversificadas

Pulverização de insumos: A aplicação de defensivos agrícolas, fertilizantes e biofertilizantes é a função mais conhecida da aviação agrícola. Essa prática garante maior eficiência no manejo das lavouras, especialmente em áreas extensas ou de difícil acesso.
Combate a incêndios florestais: A aviação agrícola tem se destacado no apoio ao combate a incêndios florestais. Aeronaves adaptadas podem transportar e lançar água ou retardantes químicos sobre focos de incêndio, auxiliando brigadas aéreas e equipes de solo. Esse uso tem crescido significativamente, especialmente em regiões propensas a queimadas.
Adubação aérea: Além da pulverização líquida, a aviação agrícola também é utilizada para a distribuição de fertilizantes sólidos em grandes áreas, como pastagens e cultivos extensivos. Essa técnica é rápida e eficiente, reduzindo o tempo e os custos operacionais.
Povoamento de rios e lagos: Uma aplicação pouco conhecida, mas extremamente inovadora, é o uso de aviões agrícolas para o povoamento de rios e lagos com alevinos (peixes jovens). Essa técnica permite repovoar ecossistemas aquáticos de forma ágil e ampla, contribuindo para a recuperação de espécies nativas e o equilíbrio ambiental.
Combate a vetores de doenças: Embora ainda não regulamentado no Brasil, a aviação agrícola pode ser empregada no controle de vetores de doenças, como o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Essa aplicação envolve a dispersão de produtos específicos em áreas urbanas ou rurais para reduzir populações de insetos nocivos à saúde pública.
Conectado ao futuro da aviação agrícola
Um marco importante na história do Sindag foi a decisão estratégica de incluir os operadores de drones agrícolas como associados. Em 2017, o Sindag se tornou a primeira instituição aeroagrícola do mundo a contar com operadores de aeronaves remotamente tripuladas. Essa visão de futuro reconheceu que, apesar das diferenças de porte, os drones de pulverização aérea seguem a mesma legislação e normas dos aviões agrícolas, com algumas variações específicas devido ao tamanho e capacidade. “Assim como as aeronaves tripuladas, os operadores de drones precisam de agrônomo, técnico, seguir o regulamento da ANAC e do Ministério da Agricultura, e cada voo de drone exige um relatório enviado ao Ministério.“, explica Colle.
Essa inclusão demonstra o compromisso do Sindag em manter um padrão de qualidade e segurança em toda a pulverização aérea, seja ela realizada por aviões, helicópteros ou drones.
Falta de mão-de-obra qualificada

O crescimento da aviação agrícola traz consigo o desafio significativo de formar mão de obra qualificada para operar as modernas aeronaves e tecnologias embarcadas no setor. Conforme destacado por Gabriel Colle, a chegada de cada nova aeronave ao mercado demanda uma equipe de 10 a 15 profissionais especializados, incluindo pilotos, ajudantes, agrônomos e mecânicos capacitados. Essa necessidade reflete a complexidade e a sofisticação das operações atuais, que exigem não apenas habilidades técnicas, mas também conhecimentos específicos para garantir segurança, eficiência e sustentabilidade.
“É um grande desafio da atividade formar mão de obra qualificada para operar toda essa tecnologia que tá embarcada aqui.”, considera Colle. Diante disso, a formação de profissionais bem preparados torna-se um pilar essencial para o desenvolvimento contínuo e o sucesso da atividade, reforçando a importância de investimentos em capacitação e treinamento no setor.
Sustentabilidade nas operações
A entidade tem trabalhado incansavelmente para profissionalizar o setor, melhorar o relacionamento institucional e a comunicação com a sociedade, desmistificando informações incorretas e promovendo a cultura da sustentabilidade. O Sindag investe em produzir material informativo e busca ativamente o diálogo com a sociedade e órgãos governamentais para garantir o reconhecimento da importância e segurança da aviação agrícola em todas as suas formas de atuação.
Nesse sentido, o diretor executivo destaca o protagonismo da aviação nacional em opoerações sustentáveis, “34% da frota de aviões agrícolas do Brasil já é movida a etanol, o que coloca o Brasil aí como uma aviação agrícola verde, uma aviação agrícola sustentável. Além disso, as nossas pulverizações utilizam oito vezes menos água que qualquer outro método de aplicação.”, completa Gabriel Colle.
Congresso AvAg 2025
As inscrições para o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (AvAg) 2025 estão oficialmente abertas. O evento será realizado entre os dias 19 e 21 de agosto no Aeroporto Executivo de Santo Antônio de Leverger, no Mato Grosso, e promete ser um marco para o setor aeroagrícola. A abertura das inscrições foi feita durante uma live no canal do Sindag no YouTube, na última quinta-feira (20), conduzida por Marília Schüller, coordenadora administrativa do Sindag, com a participação de Janete Lima, coordenadora operacional do Congresso, que apresentou detalhes sobre a estrutura do local e o passo a passo para garantir presença no evento.
Gabriel Colle reforçou o convite: “É um momento crucial para discutirmos o futuro da aviação agrícola, compartilhar inovações e fortalecer nosso setor. Esperamos superar os números de 2024, quando recebemos mais de 4.800 visitantes e geramos R$ 250 milhões em negócios. Este ano, teremos uma estrutura ainda maior e novidades que vão impulsionar o mercado. Não fique de fora!“. Com expectativas altas, o AvAg 2025 se consolida como o principal encontro do setor no Brasil, reunindo profissionais e empresas em torno de tecnologia, sustentabilidade e crescimento.
Como podemos concluir, o Sindag desempenha um papel crucial na representação e no desenvolvimento do setor de aviação agrícola no Brasil, que se destaca como um dos maiores e mais importantes do mundo. Através de suas iniciativas, a entidade busca fortalecer o setor, promover a sustentabilidade e a adoção de tecnologias avançadas, além de trabalhar para uma regulamentação eficaz e para a melhoria da imagem da atividade perante a sociedade.
Diante dos desafios como a formação de mão de obra qualificada e a desmistificação de informações equivocadas, o Sindag se posiciona como um agente fundamental para garantir o crescimento organizado e responsável da aviação agrícola no país. Acesse o site oficial da entidade para saber mais: https://sindag.org.br/
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