Desde junho de 2019, o estado vem passando por períodos de estiagem, que afetam principalmente a produção de milho, feijão e leite. Nesta terça-feira (31), a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) reuniram, via videoconferência, lideranças do setor produtivo e técnico para apresentar a situação atual do agronegócio catarinense e a previsão meteorológica para os próximos dias.
“Vivemos um momento delicado para a agropecuária de Santa Catarina. Nossos técnicos estão constantemente monitorando os efeitos da estiagem no estado e os impactos nas safras. Compartilhar essas informações com o setor produtivo é fundamental para que possamos tomar decisões mais certeiras e nos prepararmos para o que está por vir. Precisamos transformar a informação em ação para apoiar os agricultores catarinenses”, ressalta o secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa.
Segundo informações do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram), em algumas regiões a média de chuvas está 550 mm abaixo da média histórica para o período, principalmente no Meio Oeste, Extremo Oeste, Planalto Sul e Planalto Norte. Durante o mês de março, os volumes de chuva acumulada também foram menores do que a média mensal para todas as regiões do estado. “Em algumas regiões, como no Meio Oeste, até tivemos uma maior concentração de chuvas, mas que não foram significativas. Mais de 80% das regiões tiveram chuvas menores do que o esperado”, explica o meteorologista Clóvis Correa.
Iniciada em 2019, a estiagem vem castigando as lavouras de Santa Catarina. Em junho, julho, agosto e setembro de 2019, choveu a quantidade o equivalente a um mês normal. A partir de 20 de dezembro, a seca se intensificou no estado.
Siga-nos no facebook e instagram
Após dois meses (janeiro e fevereiro) de chuvas isoladas, com locais até acima da média, em março o volume de chuva voltou a cair.
Com boa parte das safras de inverno já colhidas ou em fase final de colheita, a maior preocupação do setor produtivo catarinense é com a safra de verão. O levantamento feito pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) aponta para redução de produtividade nas lavouras de batata, feijão, fumo e milho grão.
“Com a permanência da estiagem em todo o estado nós percebermos uma piora no quadro das principais lavouras de verão. É o caso, por exemplo, do milho grão que teve a 1ª safra marcada por produtividades elevadas em algumas regiões, como o Planalto Norte e o Extremo Oeste; já a região Meio Oeste sofreu bastante, com alguns municípios registrando perdas a cima de 60% de produtividade em comparação com o ano passado. O milho 2ª safra, que é plantado na região Oeste, Extremo Oeste e Sul do estado, também foi bastante afetado pela estiagem, isso tem resultado em perdas de produtividade significativas”, destaca a analista da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão.
O maior impacto é sentido nas plantações de batata, onde a produção deve diminuir 34% em relação ao ano anterior, chegando a 72 mil toneladas. A safra de feijão também será 6,7% menor, com a maior quebra na região de Campos de Lages.
Com 80% da primeira safra de milho colhida e toda segunda safra plantada, Santa Catarina espera uma redução de 10% na produção, fechando em 2,6 milhões de toneladas. As regiões mais prejudicadas são Campos de Lages e Curitibanos, onde está localizado Campos Novos, um dos maiores produtores de Santa Catarina.
Os impactos na produção de soja são menores. Cerca de 70% das lavouras catarinenses de soja já foram colhidas e devem ter uma queda de apenas 0,9% na produção devido a um aumento na produtividade nas regiões de Chapecó, São Miguel do Oeste e Canoinhas e pelo aumento de mais de 15 mil hectares na área plantada em todo o estado.
Para o milho silagem é esperada uma redução de 0,6% na produção, fechando em 9 milhões de toneladas. A maior região produtora é o Extremo Oeste e a preocupação é com as lavouras que foram plantadas em janeiro, que devem ter sua produtividade reduzida.
Segundo informações da Epagri/Cepa, até o momento, não há relatos de perdas diretas na produção de suínos e aves decorrentes da estiagem. Em alguns municípios, os produtores estão sendo atendidos com caminhões pipa, porém a grande maioria dos suinocultores e avicultores possuem estruturas de armazenagem de água, o que dá maior segurança para o sistema de produção e reduz a necessidade de abastecimento complementar.
Na produção de bovinos de corte, por sua vez, se observa uma gradativa piora na qualidade das pastagens em função do baixo volume de chuvas e das elevadas temperaturas. Esse processo normalmente reduz o ritmo de ganho de peso dos animais criados à base de pasto ou demanda a utilização de alimentação suplementar, o que eleva os custos de produção.
Existe uma preocupação também com o setor leiteiro. Os meses de abril e maio são, historicamente, os períodos de menor oferta e este ano foi acentuada pela estiagem.
A falta de chuvas está prejudicando a quantidade e qualidade das pastagens, afetando a produção e aumentando os custos de produção de leite. Informações preliminares apontam para uma redução significativa na quantidade produzida em relação a outros anos.
A Secretaria da Agricultura e suas empresas vinculadas – Epagri, Cidasc e Ceasa – mantém o atendimento aos agricultores catarinenses nesse período de quarentena, sendo grande parte dos serviços realizado de forma remota. Os programas e projetos seguem em andamento, beneficiando produtores rurais em todo o estado.
Os agricultores contam com financiamentos, apoio no pagamento de juros, incentivo para investir na melhoria do processo produtivo, ampliação de renda, irrigação, entre outros. A Secretaria trabalha ainda na elaboração de um novo programa de financiamento para pequenos empreendimentos rurais, os investimentos devem chegar a R$1,5 milhão e a expectativa é de que injetem R$ 60 milhões na economia catarinense.
Para minimizar os efeitos da estiagem, fenômeno recorrente em Santa Catarina, a Secretaria da Agricultura mantém diversas linhas de apoio à construção de cisternas e sistemas de abastecimento. Nos últimos cinco anos, o Governo do Estado investiu mais de R$22,9 milhões nesses projetos, além da cessão de uso de mais de 400 distribuidores de água para os municípios. Em 2019, foram apoiados 538 projetos de irrigação, num investimento de R$ 182,9 mil em subvenção de juros de financiamentos.
O mês inicia com pancadas de chuva bem isolada no Oeste e Meio-Oeste. Do Planalto ao Litoral, haverá variação de nuvens e chuva isolada ocasional, associada a circulação marítima.
No dia 02/04, a passagem de uma frente fria traz pancadas de chuva e risco de temporais isolado a partir da manhã, no Oeste e Sul . Nas demais regiões, essa chuva acontece a partir da tarde de noite.
Dia 03, 04 e 05/04, presença de sol em toda Santa Catarina, as temperaturas amenizam, com chance de geada isolada no Planalto Sul. Depois disso, a temperatura volta a se elevar.
Próximo ao dia 08/04, uma nova frente fria deve avançar pelo litoral de Santa Catarina, provocando chuva mal distribuída com baixa acumulado e, logo após, a diminuição da temperatura novamente.
As massas e ar frio começam a chegar na segunda quinzena de abril, trazendo temperaturas mais amenas. Mas a tendência é de períodos mais secos e temperaturas mais elevadas de um modo geral. O frio fica mais concentrado no período da noite e início da manhã.
AGRONEWS BRASIL – Informação para quem produz
Leia também: https://agronewsbrasil.com.br/producao-de-leite-silagem-com-nova-cultivar-e-57-mais-barata-que-milho/
Abril: como será o clima no Brasil? A previsão do tempo indica chuvas concentradas no…
No mercado do boi, arroba da vaca gorda esboça recuperação em março, mas segue pressionada…
Poder de compra do avicultor bate recorde em relação ao farelo de soja, apesar da…
Salas de banho, conforto térmico e bem-estar animal são alguns dos segredos para produção de…
A GreenLight Biosciences, empresa de biotecnologia pioneira em soluções baseadas em RNA para a agricultura,…
Áreas mais críticas são o Pantanal, o Brasil Central e partes de MG, SP e…
This website uses cookies.