A nova Ferrovia Senador Vicente Emílio Vuolo é um marco logístico que pode redefinir o futuro da capital Cuiabá
Poucas obras de infraestrutura no Brasil atual carregam o peso estratégico e econômico que o projeto de extensão da Malha Norte, da Rumo Logística, representa para Mato Grosso. Com 743 km de extensão prevista, incluindo o importante Ramal Cuiabá, a ferrovia desponta não apenas como um vetor de escoamento da produção agrícola, mas como um elo logístico que pode transformar a dinâmica econômica de Cuiabá e da região centro-sul do estado.
O projeto não é apenas ambicioso — ele é histórico. Trata-se do primeiro contrato de concessão ferroviária estadual do país e, simultaneamente, do maior investimento de capital já realizado pela Rumo. A obra prevê cruzar 16 municípios mato-grossenses, com terminais estratégicos e mais de 40 obras especiais, melhorando drasticamente o transporte de mercadorias e a infraestrutura regional.
Cuiabá no centro das atenções

Em reunião do Conselho Temático de Infraestrutura e Logística – COINFRA, realizada na tarde desta terça-feira(27) na sede da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso – FIEMT, representantes da Rumo Logística apresentaram um panorama atual das obras em andamento no estado.
A gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Rumo, Andriele Rodrigues, destacou a importância dessa atualização para demonstrar o avanço concreto das obras “Apresentamos aqui, hoje, a atualização das nossas obras de expansão da Malha Norte, as novidades que temos em relação aos projetos e aos pedidos de licença. Foi muito interessante trocar experiências e trazer a realidade desse projeto no Mato Grosso. Segundo dados fornecidos pela FIEMT, a obra deve gerar mais de 146 mil empregos diretos e indiretos.”, explica Andriele.
Para o Fórum Pró-Ferrovia, o Ramal Cuiabá, com 45,4 km de extensão, representa a conexão definitiva da capital mato-grossense à principal rota ferroviária do estado. A importância desse ramal foi reafirmada com o recente pedido de Licença de Instalação junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente — primeiro passo concreto rumo à autorização ambiental e início das obras.

Números impressionantes
A partir das informações apresentadas, fica claro que a obra da ferrovia em Mato Grosso avança de forma organizada por etapas e trechos distintos. A primeira fase, que conecta Rondonópolis ao futuro terminal na BR-070 — um percurso de cerca de 162 km da linha tronco — já se encontra em ritmo acelerado, com um investimento robusto de R$ 5 bilhões. Essa etapa exigiu quase 40 milhões de metros cúbicos de movimentação de terra e já conta com sete das 11 obras especiais concluídas, com previsão de finalizar as demais ainda em 2025.
A grandiosidade do projeto se revela em dados surpreendentes apresentados durante a reunião:
- 700 km de ferrovia construídos, com 89 mil toneladas de trilhos — o peso de 9 Torres Eiffel.
- 1.049.120 m³ de concreto, o bastante para preencher 13 pontes Octávio Frias de Oliveira.
- 16 municípios percorridos, passando por 6 comunidades tradicionais.
- 1.400 km de cercamento e 155 passagens para fauna.
- 105 mil empregos diretos e 41 mil indiretos.

Segundo Vitória Sguarizi, especialista em relações institucionais e governamentais da Rumo, além dos aspectos logísticos impressionantes, o impacto social dessa obra é algo muito significativo para o estado, “O ano passado a gente teve aí um percentual muito relevante. É muito bacana compartilhar com vocês que somente no primeiro trimestre de 2024, 62% dos empregos gerados aqui no estado do Mato Grosso foram provenientes da ferrovia. Nós tivemos um pico recente com quase 6.000 pessoas trabalhando no canteiro, um número comparável praticamente ao quadro total de funcionários da Rumo no Brasil“, evidenciando a criação de uma “segunda Rumo” em Mato Grosso.
Outros segmentos, especialmente os que seguem rumo ao norte do estado, permanecem em fase de estudos, licenciamentos e projetos. Segundo a empresa, embora a topografia mato-grossense tenha trazido desafios técnicos inesperados, soluções foram encontradas por meio de tecnologia de ponta e análises criteriosas para assegurar um traçado eficiente e seguro.
Um legado para Cuiabá
O terminal na BR-070, nas proximidades de Primavera do Leste, está em andamento e foi projetado para movimentar inicialmente 10 milhões de toneladas anuais, com capacidade de expansão planejada. Simultaneamente, a Rumo protocolou oficialmente o pedido de licença de instalação para o Ramal Cuiabá, trecho de 45,4 km que ligará São Pedro da Cipa, Dom Aquino e Jaciara, marcando o primeiro avanço concreto rumo à chegada da ferrovia à capital.
O presidente do Fórum Pró-Ferrovia, Francisco Vuolo, emocionou-se ao relatar o significado histórico do projeto, “Hoje é um dia especial. A ferrovia já é uma realidade dentro do estado do Mato Grosso. Já transporta quase 30 milhões de toneladas para o Porto de Santos. E a satisfação de hoje é poder anunciar oficialmente o requerimento da licença de instalação do trecho até Cuiabá. É o primeiro passo concreto para as autorizações ambientais e para que a obra ocorra. Cuiabá precisa se preparar, precisamos formar mão de obra qualificada para ser absorvida por essa obra tão importante e impactante.”

Vuolo também fez questão de valorizar o simbolismo pessoal, “Tenho certeza absoluta de que meu pai (Senador Vicente Vuolo), de onde estiver, está muito satisfeito. Estamos acompanhando de perto essa obra e, em breve, faremos uma grande reunião com governo, prefeitura e entidades para garantir as discussões necessárias e os benefícios para a sociedade mato-grossense.”, completou.
O presidente do COINFRA, José Alexandre Schutze, destacou a relevância das exigências na prestação de serviços em todos os elos da cadeia logística, “É muito importante a vinda de vocês para que a gente consiga depois passar para todo o estado do Mato Grosso via nossos dirigentes, pois a gente depende de todos os modais de transportes. O elevado nível de exigência de projetos como o da Rumo e a Nova Rota obriga as empresas se atualizar em todos sentidos, isso garante qualidade dos serviços prestados. Aqui a gente produz de tudo.”, reafirmou Schutze.

Sustentabilidade e integração comunitária
O projeto também se destaca pelas ações socioambientais, incluindo doação de alimentos, revitalização de escolas e construção de hortas comunitárias, além de um viaduto vegetado pioneiro no estado e mais de 155 passagens de fauna.
A extensão da Malha Norte e o Ramal Cuiabá são mais do que um projeto de transporte — são uma promessa de integração econômica, desenvolvimento urbano e inclusão social para a capital mato-grossense e todo o estado. Cuiabá e o Vale do Rio Cuiabá terão a oportunidade de, finalmente, se conectar de maneira eficiente ao corredor ferroviário nacional, atraindo novos negócios, dinamizando a indústria e ampliando a competitividade da região.

Se bem conduzido e aproveitado, o projeto ferroviário poderá marcar o início de uma nova era para Mato Grosso.
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