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Caminho da pesquisa
O resultado obtido sobre a resposta imune do gado foi a última etapa de um trabalho que teve início analisando a ocorrência de nematoides (vermes) em pasto solteiro e em integração pecuária-floresta.
A primeira constatação foi que a melhoria do microclima causada pela sombra das árvores favorecia a ocorrência de larvas de nematoides em fase de vida livre na pastagem. Porém, ao contrário do esperado, as novilhas que pastejavam em sistemas sombreados apresentaram menor contaminação do que aquelas que estavam em pastagem com menor carga de parasitas. Essa comprovação foi feita por meio da contagem de ovos dos nematoides presentes nas fezes dos animais.
De acordo com Lopes, duas hipóteses foram cogitadas para explicação. A primeira era que a sombra também favorecia a ocorrência de coleópteros, como o besouro rola-bosta, que predam as larvas nas fezes depositadas no chão, impedindo a contaminação de um hospedeiro. A segunda está relacionada à resposta imune dos animais.
A primeira hipótese foi refutada em pesquisas feitas no mesmo experimento da Embrapa Agrossilvipastoril, no qual não foi encontrada diferença na ocorrência de coleópteros nos sistemas.
“Como as pastagens foram bem manejadas, tivemos maior carga de suporte de bovinos no pasto solteiro e maior quantidade de fezes. Isso favoreceu a ocorrência de coleópteros nesses locais. Além disso, a própria pastagem bem manejada já faz uma proteção, gerando melhor ambiência para os insetos. Assim, vimos que a abundância de comida tem maior impacto que a questão ambiental na população de coleópteros”, explica o pesquisador.
Para avaliar a hipótese da resposta imune, parte das novilhas em três tratamentos diferentes (pasto solteiro, IPF com linhas simples de eucalipto e IPF com linhas triplas de eucalipto) foi desafiada por meio de uma vacina contra carrapatos. O objetivo era verificar a resposta imunológica aos antígenos entre os grupos de animais em diferentes sistemas e compará-los com as novilhas que não receberam o imunizante.
Por meio de exame de sangue, verificou-se que a vacina teve efeito na proliferação de células de defesa e que as novilhas, nos dois sistemas com árvores, tiveram uma resposta celular mais eficaz, com maior proliferação de linfócitos, do que aquelas em pastagem sem sombra.
“Linfócitos são células de defesa que produzirão anticorpos específicos para combater o antígeno. No caso de parasitose, a resposta celular é mais importante. Por isso, a gente olhou a proliferação dos linfócitos após a inoculação do antígeno por meio da vacina”, contaLopes.
De acordo com o pesquisador, a melhor resposta imune é o que explica a menor infestação de parasitos nas novilhas que pastejam no sistema silvipastoril.
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Verminoses
As verminoses são responsáveis por grandes perdas na pecuária de corte, seja pela perda de peso ou pelo atraso no período reprodutivo. Dessa forma, o entendimento do ciclo dos parasitos em diferentes sistemas e das estratégias de controle são importantes informações para auxiliar o pecuarista.
Nas pesquisas realizadas na Embrapa Agrossilvipastoril, observou-se que os bovinos estão mais vulneráveis às parasitoses do 6º ao 18º mês de vida. Após os 18 meses o sistema imunológico já está mais bem desenvolvido e o animal, embora apresente o parasita, sofre danos menores.
Outra comprovação foi a de que há variância ao longo do ano na carga parasitária dos animais, com maior incidência nos meses de fevereiro e março, fase final do período chuvoso, e em setembro, no fim da seca. Tal variação foi observada com o mesmo comportamento em todos os sistemas produtivos. Essa constatação reforça a recomendação de se fazer o controle estratégico, com vermifugação somente nos meses 5, 7 e 9, e não em todas as operações de manejo do rebanho no curral.
“O pecuarista deve manter o controle estratégico, pois este é eficiente para manter o rebanho protegido. Assim ele evita vermifugações desnecessárias, reduz custos e atraso no processo de criação de resistência dos vermes ao princípio ativo usado no combate”, recomenda Lopes.
Pela estratégia de controle, as vermifugações dos meses 5 e 7 ajudam a reduzir a parasitose, cujo pico se dá no fim das águas. Já a do mês 9 tem a função de diminuir a carga para o início das águas, fazendo com que a população do nematoide vá sendo reduzida ao longo do tempo.
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Publicação científica
O resultado desta pesquisa está no artigo “Influence of silvopastoral systems on gastrointestinal nematode infection and immune response of Nellore heifers under tropical conditions” (Influência dos sistemas silvipastoris na infecção de nematoides gastrointestinais e resposta imune de novilhas Nelore em condições tropicais). O trabalho acaba de ser publicado pela revista Veterinary Parasitology.
Além de Luciano Lopes (Embrapa Agrossilvipastoril), assinam a publicação Sheila Kamchen (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT), Fagner Gomes (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq-USP), Ulisses Natividade (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), Luisa Magalhães (UFMG), Angelita Pimenta (UFMG) e Ricardo Araujo (UFMG).
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