O setor leiteiro mato-grossense segue em franca recuperação de preços, consolidando, em março de 2025, a terceira valorização consecutiva no valor pago ao produtor
Segundo dados recentes divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o litro de leite captado no mês passado e pago neste mês de abril alcançou a marca de R$ 2,30, o que representa uma elevação de 0,97% em relação ao mês anterior. Esse movimento reforça não apenas a tendência de valorização observada desde o início do ano, mas também destaca um patamar de preço 21,51% superior ao registrado no mesmo período de 2024.
De acordo com o levantamento do Imea, o valor atual é o segundo maior da série histórica iniciada em 2015 para o mês de março, ficando apenas atrás do recorde registrado em março de 2023, quando o litro do leite, corrigido pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), chegou a R$ 2,36. Esse cenário evidencia uma forte recuperação do poder de barganha do produtor, que vinha enfrentando dificuldades expressivas nos anos anteriores, especialmente por conta da pressão de custos de produção e volatilidade do mercado.
Oferta restrita de leite no campo pressiona mercado e eleva competitividade entre laticínios, em um ambiente de recuperação econômica e demanda interna aquecida
A expressiva valorização do leite em Mato Grosso, registrada pelo Imea, não ocorre por acaso, mas está diretamente atrelada à menor disponibilidade de leite no campo, fenômeno que tem provocado um aumento na competitividade entre as indústrias processadoras pela compra da matéria-prima.
O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do estado, indicador importante que mede o volume captado pelas indústrias, caiu para 51,77% no período analisado, evidenciando uma retração de 2,66 pontos percentuais em comparação ao mês de fevereiro deste ano e uma queda ainda mais acentuada de 4,92 pontos percentuais em relação a março de 2024. Esse recuo na produção está vinculado a diversos fatores, incluindo questões climáticas que afetaram o pasto e o desempenho dos animais, além de uma gestão mais cautelosa dos produtores diante dos custos elevados de alimentação e insumos veterinários.
O ambiente de menor oferta, associado a uma demanda interna que segue resiliente, tem gerado uma pressão altista no mercado, beneficiando temporariamente o produtor, mas exigindo atenção redobrada no médio prazo, principalmente no que diz respeito ao equilíbrio entre oferta e demanda, já que preços elevados podem ter reflexos nos custos para o consumidor final e no escoamento da produção industrializada. Clique aqui e acompanhe o mercado.
Mercado Financeiro
- Valorização: segundo Cepea, a média do preço do leite pago ao produtor brasileiro pelo captado em mar/25, foi de R$ 2,82/l, alta de 1,81% quando comparado ao mês anterior;
- Alta: o diferencial de base entre o preço do leite pago ao produtor em Mato Grosso e a “Média Brasil” aumentou 5,63% ante fev/25 e ficou negativo em R$ 0,52/l em mar/25;
- Baixa: a RT entre o leite e o farelo de soja reduziu 1,39% ante mar/25 e esteve em 748,97 l/t em abr/25, pautada pelo avanço do preço do leite e a desvalorização do coprodutor no período.

AGRONEWS É INFORMÇÃO PARA QUEM PRODUZ