Força do rebanho Mato-Grossense impulsiona mercado e reduz diferenças históricas com o principal polo comercial do país
Mato Grosso, que já é reconhecido nacionalmente por deter o maior rebanho bovino do Brasil, agora também se destaca no cenário de precificação do boi gordo. Uma mudança histórica está em curso. Dados recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam que os preços praticados no mercado mato-grossense vêm encurtando — e até superando — os valores tradicionalmente mais elevados de São Paulo, considerado durante décadas referência nacional no mercado do boi.
Desde o final de 2022, os diferenciais de preço entre esses dois gigantes do setor vêm apresentando uma trajetória clara de queda. O que antes parecia impensável, agora se concretiza: negócios realizados em abril de 2025 mostram valores no Mato Grosso não apenas equiparados, mas, em muitos casos, acima daqueles praticados no mercado paulista, mudando completamente a dinâmica do setor.
Em abril, a diferença média entre os preços do boi gordo em São Paulo e Mato Grosso ficou limitada a apenas R$ 9,50 por arroba, favorecendo o estado paulista — o menor patamar registrado desde meados de 2017, quando o cenário da pecuária era completamente diferente, tanto em custos de produção quanto em demanda interna e externa.
Para se ter uma ideia do tamanho dessa transformação, no mesmo período do ano passado, essa diferença era de expressivos R$ 22,20 por arroba em favor de São Paulo. E o movimento não parou por aí. Em maio de 2025, a situação se inverteu de forma contundente: o preço médio do boi gordo em Mato Grosso ficou R$ 12,30 por arroba acima do registrado em São Paulo — algo impensável há poucos anos, quando o mercado paulista liderava com uma vantagem robusta que chegou a R$ 20,10 por arroba no comparativo com o rebanho mato-grossense.
Essa inversão histórica não apenas surpreende, mas também sinaliza uma reconfiguração profunda na competitividade, nos custos logísticos e na atratividade do mercado nacional.

O que está por trás desse movimento de encurtamento — e agora até reversão — da diferença de preços? Especialistas do setor apontam para uma combinação de fatores estruturais e conjunturais. De um lado, Mato Grosso tem investido de forma maciça na melhoria da infraestrutura logística, na eficiência dos sistemas de confinamento e na ampliação dos canais de exportação, especialmente para mercados asiáticos. De outro, São Paulo enfrenta uma pressão maior sobre custos operacionais, como arrendamentos mais caros, mão de obra mais onerosa e uma disponibilidade territorial muito mais limitada para expansão da pecuária.
Além disso, a demanda internacional, aliada ao avanço das plantas frigoríficas habilitadas para exportação dentro do próprio Mato Grosso, tem garantido maior liquidez e valorização dos animais no estado. O fato é que essa mudança não parece ser apenas pontual, mas sim o reflexo de uma transformação estrutural que tem reposicionado Mato Grosso como não só o maior produtor, mas também como protagonista na precificação do boi gordo no Brasil. Clique aqui e acompanhe diariamente o mercado.
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