Alguns pecuaristas do Brasil Pecuário-Central já começam a ter a impressão de que os períodos de seca parecem estar se intensificando, seja por um aumento de severidade ou na duração. Há algumas simulações que mostram que isso pode ser mesmo efeito das mudanças climáticas e já escrevemos sobre isso, com o sugestivo título “Seeeeeeeeeeeeeeeeca”.
Esse ano, em vários locais, as chuvas do período das águas já foram menos intensas e pararam antes da hora. A situação, então, não é de folga em termos de pastagens, com uma “seca” inteira pela frente. E não se tem bola de cristal para saber quando as chuvas efetivamente voltarão. Nesse cenário, é aconselhável ter cautela, em geral sendo melhor agir para aumentar a chance de sobrar pasto do que arriscar faltar.
Siga-nos: Facebook | Instagram | Youtube
Ao contrário do texto que citamos acima, portanto, esse aqui lida com ações que podem ser tomadas agora para minorar o problema de falta de pasto e, também, para alertar o que devemos evitar fazer.
Se o pasto tem baixo volume de massa, o uso do proteinado, cuja modo de ação é exatamente aumentar a ingestão dos animais, terá pouco a ajudar se o animal não tiver o que comer. Quantidades um pouco maiores, como nos proteicos-energéticos, também acabam ajudando pouco. Por fim, nos preços atuais dos concentrados, não precisa uma proporção muito grande para deixar a prática anti-econômica, algo que cada um deve fazer os próprios cálculos.
Ocorre que, mesmo que a conta de uma suplementação proteico-energético mais intensa, com 5 ou 7 g/kg de peso vivo, se revele econômica, nessa situação a forragem ainda representa entre 75-65% da matéria seca da dieta e, nessa situação indefinida entre ser uma dieta francamente fibrosa ou outra, bem definida como concentrada, a eficiência biológica é pior, algo que costuma ficar fora da conta financeira.
Para fugir disso, uma alternativa a ser considerada é o confinamento em pasto, ou semiconfinamento. Nele, usa-se 17 a 20 g de concentrado/kg de peso vivo e o consumo do pasto pelo animal serve apenas para ele se recuperar do excesso de concentrado, com a fibra de baixa qualidade do pasto ajudando-o a recuperar, minimamente, a função de ruminar. Um alerta é que essa técnica, apesar de ter a vantagem de poder ser feita a qualquer momento e por quase todo mundo, não deve ser feita sem o aconselhamento de um técnico, pois há risco real de morte de animais por doenças metabólicas, como a acidose e o timpanismo. Mesmo que não morra nenhum animal, os resultados podem ser piores do que seriam com a supervisão recomendada, que vai da formulação da ração e informações fundamentais de manejo com relação, por exemplo, à adaptação dos animais à dieta, um dos pontos-chave para o sucesso dessa opção.
Uma vantagem do confinamento em pasto é que as taxas mais elevadas de ganho ajudam o animal a depositar gordura, sendo, portanto, particularmente recomendado para animais que podemos terminar e vender, ou seja, exatamente os que mais vão liberar espaço para os animais que ficam na fazenda, afinal são os mais pesados.
Aqui, é bom lembrar que o menor custo dos volumosos não necessariamente farão seu uso tão mais barato, pois devemos olhar o custo deles em matéria seca (MS). Uma silagem de milho que custe, por exemplo, R$200,00/t de matéria natural, com 67% de umidade, custa R$600,00 por tonelada de matéria seca (R$200,00/t dividido por 0,33, sendo esse último o teor de MS de 33% da silagem).
Para categorias que apenas se deseje manter o peso na seca, como vacas em bom estado corporal, a suplementação com algum volumoso pode ser vantajosa, especialmente quando se considera o custo diário de suplementação, pois fornecemos apenas a quantidade necessária para manter o peso (menos volume), sem conflito entre pasto e concentrado e sem risco de algum animal comer mais concentrado do que deveria.
Tentar um confinamento é especialmente interessante no contexto de reduzir a lotação das pastagens. Um pequeno confinamento de 100 cabeças pode liberar 100 hectares de pasto diferido em bom estado, considerando o valor de referência citado.
Um confinamento pequeno pode ser feito de forma simples e, até, meio improvisada, no que diz respeito à sua estrutura física. Onde não se deve economizar, contudo, é no seu planejamento, pois é exatamente em saber quanto ele deve custar e quanto deve produzir por animal que reside uma de suas principais vantagens. Nesse caso, recomenda-se que o produtor tenha supervisão de técnicos para planejar e realizar o confinamento. Mesmo que, por ser com poucos animais, o custo do técnico por cabeça seja muito alto, pode ser mais barato que os prejuízos pela falta de orientação. Deve-se permitir alguma pressão desse estreitamento de margem (ou até pequeno prejuízo), considerando essa despesa como parte do custo do aprendizado que permitirá ganhos maiores no futuro.
Especialmente para essa temporada, um projeto de irrigação pode ajudar no caso da seca se prolongar e, quando as temperaturas mais altas do final do inverno permitirem, conseguir ir adiantado a recuperação das áreas irrigadas.
Ao contrário do confinamento, começar com uma área muito pequena e ir aumentando é mais complicado. Parece mais lógico, nesse caso, pensar em uma estrutura cujo tamanho faça o custo por hectare irrigado ser bem diluído, o que pode implicar em pensar em áreas da ordem de uma centena de hectares como mínimo. Esse valor mínimo para iniciar já deve fazer parte da orientação técnica que é fundamental nesse caso.
A opção de irrigar, portanto, é daquelas que precisa estar no contexto de pensar mais em médio e longo prazo, colocando outros objetivos no horizonte futuro como, por exemplo, um pastejo mais intensificado ou até a adoção da produção integrada.
Todas as alternativas acima são apenas sugestões e podem ser consideradas paliativas. Elas não são excludentes e podem ser combinadas entre si para minorar a falta de pastagem. Elas apenas apontam direções. As decisões mesmo têm que ser feitas por cada um em função das características e circunstâncias locais.
Além disso, como boa parte delas têm que ser feitas baseadas em expectativa futura incerta, fica ainda mais difícil separar o certo e o errado. Há, todavia, uma chance do arrependimento maior ao se ignorar os riscos e amargar perdas, do que se lamentar por ter podido ganhar mais ao ser prudente. E, se há mais riscos em uma das opções, é porque ganhar com ela é menos provável. Informação, técnica, experiência e instinto: é o que contamos nessa hora e que, em longo prazo, deve garantir o melhor conjunto de escolhas.
Fonte: Scot Consultoria
AGRONEWS – Informação para quem produz
A queda é explicada, principalmente, pelo fim da colheita da soja. Porém a proximidade de…
Áreas da Bahia e atingem Sergipe neste fim de semana, na região o Recôncavo Baiano,…
Contratos de julho e dezembro de 2025 registram alta na Bolsa de Nova York, impulsionados…
A previsão do tempo indica chuvas concentradas no Norte do país e áreas do leste…
Em meio a tensões cambiais e expectativas energéticas, farelo e óleo de soja apresentam movimentos…
Após meses de estabilidade, o mercado do bezerro em Mato Grosso surpreendeu com uma valorização…
This website uses cookies.