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Similar ao plástico convencional, porém biodegradável
Além disso, os filmes se mostraram com propriedades ópticas e mecânicas similares aos plásticos convencionais, mas com a vantagem de ter fontes naturais como matéria-prima e de serem biodegradáveis. Outra vantagem é que o filme é antimicrobiano, inibiu o crescimento de bactérias Staphylococcus aureus e Escherichia coli em testes acelerados de laboratório e prolongou a vida útil em queijo mussarela, em até um mês.
O filme de gelatina apresentou alta barreira contra a radiação ultravioleta (UV), quase 100% para UVC, mais de 93,3% para UVB e 54,0% para UVA, devido a grupos cromóforos – parte ou conjunto de átomos de uma molécula responsável por sua cor – como tirosina e fenilalanina.
Os resultados obtidos pela pesquisa demonstram uso promissor de filmes de gelatina reforçados com CNC para aplicações como embalagens, cujo papel fundamental é manter a qualidade e segurança dos produtos alimentícios durante o armazenamento e transporte.
Validado em ambiente de laboratório e em escala pré-piloto, os próximos desafios envolvem a demonstração do protótipo com filmes à base de gelatina termo-seláveis (que pode ser fechada sem uso de cola, mas apenas com aplicação de calor) destinados ao armazenamento de diferentes produtos alimentícios em escala industrial.
O desempenho do filme, mesmo em escala-piloto já chamou a atenção de empresa global de fornecimento de proteínas de colágeno para as indústrias de alimentos, farmacêutica, saúde e nutrição e de aplicações técnicas.
Solução verde
Ela explica que, sem qualquer aditivo, os filmes de gelatina tornam-se quebradiços e difíceis de manusear e que, com a adoção de plastificantes podem aumentar a flexibilidade dos filmes, mas diminuem as propriedades mecânicas de tração e reduzem a barreira a gases e ao vapor de água. Leite anda conta que o emprego de reforços nanométricos podem aumentar a resistência mecânica, tenacidade, estabilidade térmica e as propriedades de barreira de vários biopolímeros como a gelatina.
“Os ensaios mecânicos revelaram que adição de CNC à matriz de gelatina levou a um aumento de três vezes na resistência à tração e de 3,5 vezes no módulo de elasticidade – uma propriedade mecânica que mede a rigidez de um material sólido – e redução de 70% no alongamento máximo, quando comparado aos filmes de gelatina sem adição de CNC”, revela.
Pioneiro e entusiasta do “casting contínuo” no Brasil, o professor Francys Vieira Moreira,da UFSCar, coorientador de Liliane Leite, relata que os nanocristais de celulose modificados com rosin (r-CNCs) melhoraram consistentemente as propriedades ópticas e de barreira ao vapor de água dos filmes de gelatina em comparação com os CNCs convencionais.
“A resistência mecânica da matriz de gelatina foi aumentada e pode ser ajustada variando o teor de r-CNCs. Esse estudo demonstra como as reações de modificação superficial podem estender as funcionalidades das nanoceluloses para uso em materiais de embalagens flexíveis, que, de outra forma, sofreriam de propriedades físicas e biológicas limitadas”, declara Moreira.
Para Leite, o estudo forneceu uma compreensão abrangente de como os CNCs podem ser explorados para desenvolver filmes biodegradáveis à base de gelatina com propriedades aprimoradas ou funcionalidades extras.
Os CNCs são partículas cristalinas rígidas em forma de bastão extraídas de materiais celulósicos de origem vegetal. Eles são biodegradáveis, abundantes, renováveis e apresentam baixa densidade, alto módulo de elasticidade e excelentes propriedades mecânicas, sendo produzidos em escala comercial.
Outra vantagem enfatizada pela pesquisadora é que o material pode ser completamente decomposto pelo meio ambiente após o descarte como resultado das propriedades dos ingredientes gelatina e celulose.
“Assim, aprimorar a busca por soluções mais eficazes, que não agridam o meio ambiente, está em sinergia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável apoiados pelas pesquisas geradas pela Embrapa em diversos temas, tanto para melhorias ambientais quanto para a população. Os problemas com a destinação segura de resíduos plásticos pós-consumo podem ser mitigados se polímeros naturais biodegradáveis forem empregados como material de embalagem”, afirma Mattoso.
Por Joana Silva/Embrapa
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