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Em março do ano passado, o presidente do IBRAFE concedeu entrevista ao Agronews® explicando a situação preocupante que passava o setor. Durante a entrevista, Lüders relembrou que o feijão é a mais barata das proteínas, com menor impacto ambiental e que está presente na maioria das casas, principalmente das pessoas de baixa renda. Mas tudo isso pode estar comprometido com a política de preços aplicada no setor. “Quando você olha para o aspecto de consumo, ele (o feijão) também é uma causa social. Qual classe social no Brasil não consome feijão? o milionário?… Eu diria pra você o seguinte, nem o milionário deixa de consumir feijão, o que muda é a frequência, isso sim. A frequência nas classes sociais menos favorecidas é maior, precisa ser maior, É A DIFERENÇA ENTRE A VIDA E A MORTE.“
Concorrência
Um dos principais fatores que causaram a diminuição das áreas é a concorrência direta com a soja e o milho, commodities que apresentam grande mercado externo, com valores pré-fixados.
Enquanto a área plantada de soja cresceu mais de 5 vezes, ou 460%, passando de 6,9 milhões de hectares para 38,9 milhões de hectares e a de milho quase dobrou, passando de 11,7 milhões de hectares para 19,9 milhões, o Feijão, por sua vez, segue perdendo espaço. É a cultura com maior redução estimada de área, totalizando 1,048 milhão de hectares na próxima década. O arroz vem em segundo lugar, com perda de 1,046 milhão de hectares.
Mas esses números podem ficar ainda piores. De acordo com projeções do Ministério da Agricultura a Abastecimento (MAPA), a dinâmica atual deve se estender pelo menos
pelos próximos dez anos. A expectativa é que, entre as safras de 2020/21 e de 2030/31, a área cultivada da soja ainda vá expandir mais 26,8%, chegando a ocupar 48,8 milhões de hectares.
Falta de estoque
Como se não bastasse a produção menor, o Brasil enfrenta um segundo problema que é a falta armazenamento. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization) recomenda que um país tenha pelo menos três meses de estoque dos seus produtos básicos, especialmente daqueles produtos que sejam sensíveis a quebras de safra e que tenham dificuldade de importação, que é o caso do Feijão.
Conforme informações da Conab, os estoques públicos de Feijão no país foram reduzidos consideravelmente em 2016 e estão completamente zerados desde 2017. Produção deficitária e falta de estoques públicos fazem com que o país dependa cada vez mais das importações.

Informação para mudança
Pensando em colaborar para a mudança desse cenário, o IBRAFE desenvolveu o projeto Rally dos Feijões, que vai percorrer um circuito de 2.100km pelos principais polos produtores do Mato Grosso durante 12 dias – entre 28 de novembro e 9 de dezembro.
O foco do Rally dos Feijões é sensibilizar, além de produtores rurais, toda a rede que contribui com a atividade agrícola, como cooperativas, cerealistas, agrônomos, técnicos agrícolas, entre outros. O intuito principal é ajudar os presentes a enxergar as oportunidades do mercado, considerando a evolução do consumo e outros indicadores, analisados diariamente pelo IBRAFE, além de dialogar com autoridades públicas locais e regionais, a fim de conscientizá-los da importância do fomento da produção de Feijão.
Para mais informações sobre o Rally dos Feijões, acompanhe no site https://rallydosfeijoes.com.br/
AGRONEWS® é informação para quem produz
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