Entrega de fertilizantes avança, mas ainda há incertezas

Com alta no frete e nos preços dos adubos, produtores já cogitam reduzir o uso na próxima safra de soja.

As entregas de fertilizantes cresceram 18% em julho ante o mesmo mês de 2017, recuperando o ritmo esperado, que foi afetado pela greve dos caminhoneiros em maio, quando houve queda de 27%, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). A aceleração no mês foi importante, principalmente, para os Estados do Centro-Oeste, onde o impacto da tabela de preços mínimos do frete é maior. “O problema mais sério estava nas grandes áreas consumidoras longe do porto. No Paraná e no Rio Grande do Sul, áreas próximas a portos, os problemas foram resolvidos mais rapidamente. Em Mato Grosso e Goiás a situação estava mais complicada, mas se ajustou nesse mês”, afirma Marcelo Mello, head de fertilizantes da INTL FCStone.

Apesar do avanço, Mello acredita que ainda existem muitas indefinições no mercado que podem prejudicar as entregas de fertilizantes, que normalmente têm pico entre agosto e setembro. “O transporte está caminhando, mas com um certo risco jurídico, porque ninguém está pagando a tabela mínima, todos estão fazendo acordos – ainda que o preço não seja tão baixo quanto antes da greve. Mas até que ponto esses agentes do mercado seguirão dispostos a correr esse risco? Não sabemos”.

Para o head de fertilizantes da INTL FCStone, existem duas indefinições grandes a serem esclarecidas: a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux sobre a constitucionalidade do tabelamento e a publicação de uma nova tabela pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que já realizou consulta pública, mas não deve divulgar a nova versão ainda esse mês.

Preços
Além do aumento resultante do tabelamento do frete, os custos com fertilizantes também cresceram por conta das altas dos preços internacionais – o Brasil importa cerca de 75% dos adubos utilizados. O valor do MAP (fosfato monoamônico), por exemplo, subiu de US$ 410/tonelada no porto em janeiro para US$ 450/t atualmente, o maior valor em três anos. Já o cloreto de potássio teve alta de 14%. Custava US$ 290/t em janeiro e agora está cotado a US$ 330/t.

Com esses aumentos, produtores já cogitam reduzir o uso de fertilizantes na safra de verão que começa no mês que vem, diz Antônio Galvan, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Segundo Mello, os grandes produtores já adquiriram o insumo, mas há a possibilidade de queda no uso, principalmente no caso de pequenos produtores.

Para o head da consultoria, essa redução não necessariamente impactará na produtividade, já que há uma “poupança” de macronutrientes no solo, resultante de anos seguidos de bons níveis de adubação. Galvan concorda: “temos matéria orgânica acumulada no solo, então podemos ter uma boa produção. Mas precisaremos de um clima perfeito para repetir outra safra como a de 2017/2018”.

Fonte: Portal DBO.

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Vicente Delgado

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