Como o fim de um negócio de R$900 milhões poderia gerar impacto negativo de R$6,5 bilhões?

Diante da polêmica envolvendo o projeto de lei que proíbe a exportação de gado vivo pelos portos paulistas, a Athenagro calculou o impacto potencial de até R$6,5 bilhões na economia, em dinheiro que deixaria de circular.

O número gerou questionamentos coerentes, cujos critérios vale a pena elucidar. Afinal, se as melhores projeções sugerem um faturamento total em torno de R$ 900 milhões com as exportações de gado vivo pelo estado de São Paulo, como o impacto da sua proibição poderia atingir R$6,5 bilhões?

Explicar a metodologia é também uma oportunidade de analisar o resultado especificamente para São Paulo, visto que o cálculo foi baseado em números nacionais da cadeia produtiva da pecuária.

Embora tenda a ser próximo do estimado, características típicas de cada região podem levar a alguns resultados diferentes, como ficará demonstrado ao final do texto.

Para explicar o raciocínio, uma sequência de premissas e análises serão consideradas e reforçadas com dados que as sustentam.

Mas antes de seguir, valem algumas reflexões.

– É incontestável que o melhor é processar a carne aqui dentro, ao invés de alimentar fazendas de terminação e indústrias de outros países. No entanto, essa opção não pode ser fruto de uma imposição legal, mas sim do aumento da competitividade da cadeia produtiva brasileira.

– As exportações de gado vivo não provocaram aumento nos preços do mercado interno em São Paulo. O mesmo foi observado para o Rio Grande do Sul que, junto com São Paulo, tem aumentado significativamente o embarque de animais vivos nos últimos meses. As exportações estão servindo para não deixar que os preços recuem ainda mais, garantindo estímulo e oferta de animais que beneficiarão os próprios frigoríficos nos próximos anos.

As exportações de gado vivo regulam o mercado e podem servir como um “amortecedor” para as grandes oscilações de preços, típicas dos ciclos pecuários, que ora favoreciam produtores, ora frigoríficos.

– No balanço de décadas de ciclo pecuário, os frigoríficos foram mais penalizados do que os pecuaristas. Garantir previsibilidade de oferta e melhoria nos processos de produção nas fazendas é fundamental para o setor frigorífico se posicionar melhor no mercado global de carnes.

– Assim como se recomenda para os pecuaristas, a melhor alternativa para os frigoríficos é focar no aumento do faturamento e na redução de diversos custos de produção. Ao apontar a proibição das exportações como alternativa para a melhoria da competitividade da indústria em recente entrevista, o representante do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul transfere ao estado a função de tornar a indústria, que representa, mais competitiva. Essa obrigação cabe ao gestor de cada uma das empresas. Assim como ocorreu na polêmica entre taxistas e UBER, o sindicalista deveria aproveitar a oportunidade para pedir menor interferência do estado, e não para aumentar.

– O debate é uma oportunidade para a indústria frigorífica se organizar e apoiar as exportações de gado vivo e, junto com os pecuaristas e outros elos da cadeia produtiva, pressionar para reduzir a interferência do estado, que dificulta por diversas maneiras as operações de produção, transporte e processamento de carne no Brasil.

Combater as interferências do estado trará benefícios muito maiores do que reduzir momentaneamente os preços da matéria-prima, garantindo a perpetuidade dos ciclos imprevisíveis de oferta de animais.

– Por fim, embarcar em agendas negativas como oportunidade de negócio é jogar contra os próprios interesses.

Este é apenas um trecho do artigo escrito por Maurício Palma Nogueira – Eng. Agrônomo ATHENAGRO

O material completo você pode baixar clicando aqui. Boa leitura!

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Vicente Delgado

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