Como no caso da ‘autossuficiência’ em fertilizante, agora é o trigo. Não existe almoço grátis

Sem estoques reguladores, garantia de fornecimento interno com aumento da produção de fertilizante não existe. O que vai mandar é a demanda. Ponto

Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®

Dia desses, nós abordamos aqui, nesta coluna, que o intenso debate sobre o Brasil aumentar a produção de fertilizantes ou seus insumos básicos, a ponto de até chegarmos à autossuficiência, estava sendo distorcido.

É importante, sim, mas esperar que as empresas e o governo tiveram um rasgo de patriotismo “de repente”, é bravata.

Os projetos foram despertados simplesmente porque está-se vendo que o Brasil e o mundo vão precisar cada vez mais, porque mesmo que em algum momento haja uma solução para o conflito na Ucrânia, o fornecimento da Rússia e de Belarus nunca mais será o mesmo.

Daí, como analisamos, a produção que o Brasil venha a ter não vai garantir o fornecimento interno num toque de mágica. Vai levar quem pagar os preços internacionais – e ponto.

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Aconteceu com o arroz em 2020 e com o milho em 2020 e começo de 2021. Somos autossuficientes, mas a demanda mundial estava grande e a produção que ficou no mercado interno só foi assegurada porque se pagou as cotações que estavam sendo praticadas internacionalmente.

O Brasil inteiro se lembra da famosa “inflação do arroz”.

Agora, o debate é sobre o trigo, sob a ótica do potencial brasileiro de aumentar a produção da média atual de 6 a 7 milhões de toneladas por safra.

E, mais uma vez, vamos dizer aqui: sim, é importante que o País produza mais, venda mais, mas não tem garantia de nada.

Vai-se de vender para quem pagar mais – e ponto.

Na última safra, a produção nacional foi recorde, e o Brasil exportou mais – apesar de precisarmos comprar cerca de 7 milhões/t de outros mercados para dar conta das 13 milhões/t de consumo interno -, e o cereal que aqui ficou foi balizado pelos preços de Chicago.

Não existe almoço grátis.

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Tanto é verdade que, dias atrás, o governo zerou a alíquota de importação de fertilizantes, e as indústrias brasileiras e aquelas que anunciaram projetos futuros reclamaram.

Esse é o jogo.

É a economia – e ponto.

A única garantia mínima de que o Brasil possa assegurar fornecimento interno, a preços competitivos – ou compatíveis com a realidade nacional e com o câmbio -, é se o governo voltasse a ter estoques estratégicos.

A Conab saiu do mercado. Não existe mais estoques reguladores, como quando a autarquia promovia leilões abaixo das cotações, para as indústrias se abastecerem.

O pãozinho vai seguir mais caro.

Ponto.

AGRONEWS® é informação para quem produz

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Vicente Delgado

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