Redução no volume embarcado reflete queda na produção, mudança no perfil dos compradores e menor participação da China; cenário acende alerta para o mercado mato-grossense e impõe necessidade de adaptação estratégica dos exportadores
O cenário das exportações de milho de Mato Grosso na safra 2023/24 traz sinais claros de alerta ao setor produtivo e exportador do estado, com números que refletem um contexto desafiador e que exigem atenção redobrada dos players do agronegócio.
Segundo dados consolidados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume total exportado pelo estado entre julho de 2024 e abril de 2025 alcançou 23,62 milhões de toneladas, um resultado que representa uma expressiva retração de 18,25% em comparação ao mesmo período da temporada anterior, 2022/23. Essa diminuição no fluxo de milho para o mercado internacional está diretamente atrelada a uma queda na produção estadual, que sofreu impactos de fatores climáticos adversos, além de desafios logísticos que, em momentos chave da safra, afetaram o escoamento da produção.
A redução nos embarques não apenas pressiona as margens dos produtores como também exige uma reconfiguração estratégica das tradings e cooperativas, que precisam buscar novas alternativas de mercado para minimizar os impactos dessa queda.
No radar dos destinos do milho mato-grossense nesta safra, o destaque vai para a ascensão de três países que, juntos, consolidaram-se como protagonistas nas compras do grão: Vietnã, Egito e Irã. Essas nações responderam, de forma combinada, por expressivos 60,51% de todo o milho embarcado pelo estado no ciclo atual, o que totaliza aproximadamente 9,33 milhões de toneladas adquiridas. Esse movimento reforça uma tendência de diversificação dos mercados, ao mesmo tempo em que expõe uma mudança brusca e emblemática na relação comercial com a China.
Tradicionalmente uma das principais compradoras do milho mato-grossense, a China registrou um tombo significativo em sua participação nas importações do grão, representando, até abril de 2025, apenas 2,50% do volume exportado por Mato Grosso.
Para efeito de comparação, na temporada anterior, o país asiático foi responsável por robustos 27,90% das exportações do estado, consolidando-se, à época, como um dos pilares do mercado externo. A retração chinesa está atrelada, principalmente, a um aumento expressivo da produção doméstica do país, combinado a ajustes internos de demanda e fatores macroeconômicos que vêm redefinindo o apetite chinês por commodities agrícolas estrangeiras, como é o caso do milho.
Apesar do contexto desafiador que marca a safra 2023/24, as projeções do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que Mato Grosso deverá encerrar o ciclo com um total escoado de 25,43 milhões de toneladas de milho, número que, mesmo abaixo da temporada passada, ainda posiciona o estado como o maior exportador nacional.
Para alcançar esse patamar, contudo, o setor terá que enfrentar um ambiente global de crescente competição, especialmente diante da oferta robusta de países concorrentes no mercado internacional, como Estados Unidos e Ucrânia, além do fortalecimento de rotas logísticas alternativas em regiões emergentes. Soma-se a isso o desafio de manter a competitividade em meio às flutuações cambiais e aos custos elevados de transporte interno, que continuam sendo um gargalo estrutural para a agroindústria mato-grossense.
Nesse cenário, especialistas apontam que a resiliência dos produtores e exportadores será posta à prova, sendo fundamental o investimento em inovação, eficiência logística e abertura de novos mercados estratégicos, como forma de mitigar os impactos de um mercado global cada vez mais volátil e exigente.
Mercado Financeiro
- Mato Grosso: o preço do milho disponível em MT apresentou redução de 4,39% em relação à semana passada, devido à menor demanda no estado e fechou na média de R$ 64,17/sc;
- B3: o milho, na bolsa brasileira, exibiu queda de 2,26% no comparativo com a última semana, e finalizou na média de R$ 74,52/sc;
- Bolsa de Chicago: a cotação do milho em Chicago recuou 4,86% ante a semana passada, ficando na média de US$ 4,43/bu, devido ao clima mais favorável nos EUA.
AGRONEWS É INFORMAÇÃO PARA QUEM PRODUZ
