Gripe aviária abala o mercado das carnes, veja mais informações a seguir
A confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil acendeu o sinal de alerta em toda a cadeia produtiva de proteínas animais. Embora o episódio tenha ocorrido no setor avícola, os reflexos foram imediatos e contundentes também nos mercados de bovinos e suínos.
Dados recentes do Cepea revelam que, mesmo sem uma ruptura significativa na oferta de carne de frango, o clima de incerteza e a cautela dos operadores já impactam profundamente as negociações. Esse temor tem levado frigoríficos e atacadistas a se reposicionarem estrategicamente, ajustando preços e volumes de compra, numa tentativa clara de se protegerem de uma possível mudança no padrão de consumo dos brasileiros, que tradicionalmente migram entre tipos de carne conforme preço, disponibilidade e percepção de risco sanitário.
O boi sente o golpe: preço da carcaça bovina despenca e mercado acende alerta vermelho
Se o mercado de frango ainda mantém certo equilíbrio, mesmo sob pressão, a pecuária de corte não teve a mesma sorte. O levantamento mostra que a carcaça casada bovina sofreu um tombo expressivo de 3,7% no atacado da Grande São Paulo, em poucos dias. O movimento reflete não apenas a fraqueza típica da demanda na 2ª quinzena do mês, mas também uma pressão adicional, causada pelo receio de que um possível aumento na oferta de carne de frango — mais barata e agora sob forte vigilância sanitária — acirre a concorrência nas gôndolas.
Frigoríficos, por sua vez, intensificaram a barganha na compra de animais, pressionando os pecuaristas que, já observando uma sequência de recuos nas cotações, se veem agora diante de uma negociação ainda mais dura, com margens cada vez mais apertadas.
Efeito dominó: suínos também sofrem, mas queda é mais moderada frente ao cenário dos bovinos
No mercado de suínos, os impactos também são sentidos, embora de forma menos drástica. A carcaça especial suína apresentou uma retração acumulada de 0,5% no mesmo período analisado. O ritmo de queda, que já vinha sendo observado desde a semana anterior, segue seu curso, impulsionado tanto pela sazonalidade do consumo quanto pelos reflexos indiretos da tensão no setor avícola.
Produtores e indústrias suinícolas adotam uma postura cautelosa, atentos ao comportamento do consumidor e às possíveis oscilações na demanda por proteínas concorrentes. Apesar de a pressão não ser tão severa quanto na bovinocultura, o cenário inspira cuidado, sobretudo pela incerteza sobre os desdobramentos da situação sanitária nas próximas semanas. Clique aqui e acompanhe diariamente o agro.
Perspectivas e desafios: mercado de proteínas enfrenta um teste de resistência e adaptação
Diante desse cenário desafiador, especialistas apontam que o mercado de carnes atravessa um verdadeiro teste de resistência. A confirmação da gripe aviária, ainda que isolada, gera um efeito psicológico relevante no consumidor e nos agentes da cadeia produtiva. A grande questão agora é entender até que ponto esse episódio poderá alterar o equilíbrio entre oferta e demanda nos próximos meses.
Além disso, os pecuaristas se deparam com um dilema: segurar os animais à espera de melhores preços ou vender agora, evitando perdas maiores. Paralelamente, frigoríficos e atacadistas trabalham para ajustar estoques, precificar de maneira competitiva e, sobretudo, monitorar o comportamento do consumidor, que pode redefinir suas escolhas alimentares diante da combinação de preço, qualidade e segurança.

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