Ano difícil para a pecuária de corte, dizem analistas

Encontro da Scot Consultoria, realizado em SP, apontou pontos críticos para a atividade, entre eles uma provável virada de ciclo, desta vez baixista.

“Vai ser um ano difícil.” A frase, dita por Sergio de Zen, coordenador de pecuária do Cepea, que encerrou o segundo bloco do Encontro de Analistas da Scot Consultoria, resume a expectativa da maioria dos participantes daquela rodada do evento, realizado nesta sexta-feira, 25, no auditório da Dow Agrosciences, na capital paulista.

O bloco discutiu o mercado do boi gordo e a perspectiva de virada do ciclo pecuário; no caso, uma virada para um ciclo de baixa, em que se prevê uma maior oferta de animais para abate – em função da retenção de matrizes dos últimos três anos -, o que forçará uma queda nos preços da arroba. Um ano difícil, no caso, para o pecuarista, que deverá administrar bem seus custos de produção, aumentar a produtividade e tentar “vender seu risco”, no dizer de de Zen.

A conclusão parte do princípio de que há poucas possibilidades de o preço da arroba superar a casa dos R$ 150, valor, inclusive, que já foi alcançado em 2015 e 2016 e que permanece como uma espécie de “teto” para 2017.
Como lembra Alcides Torres Júnior, o “Scot”, diretor e proprietário da consultoria sediada em Bebedouro, região norte de São Paulo, se descontada a inflação dos últimos 12 meses, esse valor já não equivale ao mesmo valor dos anos anteriores.

Para Leandro Bovo, sócio-diretor da Radar Investimentos, de São Paulo, não há como não se falar num cenário “relativamente baixista” para o pecuarista. Um dado favorável, segundo ele, será o custo mais baixo do milho, que deve cair de preço e beneficiar principalmente os confinadores.

Já para Fábio Dias, diretor de relacionamento do Frigorífico JBS com os pecuaristas, 2017 deverá apresentar comportamento inverso ao de 2016, ano caracterizado pela baixa oferta de gado para abate mas com carne “sobrando”. “Os indícios para 2017 apontam que teremos um ano com muito boi e pouca carne. Por que não sabemos como se comportará o consumo”, definiu.

A opinião de Dias segue o raciocínio do economista Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro, de São Paulo, que se apresentou no bloco anterior e que colocou uma série de condicionantes para o agronegócio, a partir da perspectiva da economia brasileira no próximo ano.

Desde dúvidas sobre a eficácia das ações do governo Temer em promover o crescimento até a incógnita do comportamento da administração de Donald Trump, até aqui declaradamente protecionista e sinalizando para uma alta na taxa de juros nos Estados Unidos, o que teria impacto “imediato” na economia brasileira.

Em outras palavras, dificultará a redução dos juros no País. “Com uma taxa de juro real de 8,5%, mais que o dobro do que seria razoável, e uma taxa de desemprego batendo nos 12,5%, não é possível pensar em consumo maior das famílias, já que os bancos não vão dar crédito facilmente”, analisou.

Para ele, a boa notícia é que a inflação no segmento de alimentos está caindo, o que reduz o impacto negativo do desemprego no consumo.

O evento da Scot reuniu 240 pessoas e teve mais dois blocos na parte da tarde, ambos discutindo qualidade da carne; fora e dentro da porteira.

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Vicente Delgado

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