A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula que o prejuízo nos mercados de soja e milho tenha chegado a R$ 10 bilhões nos 20 dias de entrada em vigor da tabela com preços mínimos do frete
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Os números foram entregues ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que iniciou nesta quarta-feira, 20, uma audiência de conciliação sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a Medida Provisória 832, que estabeleceu preços mínimos para o frete rodoviário.
Por causa da indefinição de preços, o transporte e a comercialização estão travados, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em sua edição de 12 de junho e desta quarta. Segundo a CNA, há 60 navios parados nos portos aguardando carga. O custo com a espera chega a US$ 135 milhões.
Os cálculos da entidade consideram que, com a tabela, o frete rodoviário subiu em média 40%. No caso da soja e do milho, esse aumento ocorre quando há frete de retorno. Sem ele, a alta é de 50% a 150%.
Por causa do tabelamento, informa a CNA, 6,8 milhões de toneladas de soja e farejo deixaram de ser levadas aos portos e exportadas. Não havia mais espaço nos silos e armazéns. Aproximadamente 1,9 milhão de toneladas deixou de ser processado, o que significa que deixaram de ser produzidos 1,5 milhão de toneladas de farelo e 400 mil toneladas de óleo. Tampouco foram produzidos 225 milhões de litros de biodiesel.
Só com soja e milho, os prejuízos financeiros montam a R$ 7,5 bilhões, ou US$ 2 bilhões. Disso, mais de metade (US$ 1,3 bilhão) corresponde ao aumento do frete.
Há prejuízos também em outros mercados. Metade do volume de arroz a ser embarcada está parada nos portos. Os aumentos no frete do produto são da ordem de 35% a 50% para o mercado interno e 100% para a exportação. O aumento do preço para o consumidor final deverá ser da ordem de 10%.
No feijão, o impacto do aumento do frete vai variar entre 14% e 25%, com aumentos ao consumidor entre 15% e 20%.
Para as carnes, o aumento do frete é de 63%, enquanto o frete para rações vai subir 83%.
No café, a tabela do frete aumentou o custo de transporte em 100%. Perto de metade do fluxo destinado ao mercado interno está com o fluxo comprometido, e em torno de 80% do produto destinado ao mercado externo também. Segundo a CNA, o embarque foi postergado e hoje há dificuldade em obter espaço para os contêineres nos navios, gerando despesas de detention e rollovers para os embarcadores.
Para floresta, papel e celulose o custo médio do frete aumentou 36%.
No caso dos fertilizantes, a logística está parada há 20 dias. O carregamento atual é perto de 30% do fluxo normal, informa a CNA. Segundo a entidade, só é possível obter o produto nos portos. As indústrias de fertilizantes locais “não estão entregando”, informa a entidade. Estima-se que 85% da demanda nacional de fertilizantes já esteja vendida, mas “não há possibilidade de entrega”. Dos navios parados nos portos, 35 são de fertilizantes. Está sendo cobrada a taxa de demurrage, pois não há como armazenar o produto no porto.
Para as frutas, o custo de transporte vai subir perto de 30%. As áreas produtoras mais prejudicadas são Norte e Nordeste, pela ausência do frete de retorno.
Fonte: Dinheiro Rural